Para não sentir a altitude da Bolívia, local do primeiro jogo pela Libertaores, contra o San José, o Flamengo precisaria treinar no local por 15 dias. A conta é de um dia para cada cem metros a mais do que o limite de 2500, considerado ainda tolerável.
Como não há tempo, o clube adotou outras soluções: os atletas tomam medicamentos para aumentar a captação de oxigênio desde janeiro. E fazem exercícios respiratórios com aparelhos que estimulam os músculos responsáveis por inspiração, também desde o começo do ano.
Os resultados servem como base para o departamento médico indicar quem está mais apto ou menos para as condições das partidas.
- Temos feito esses exercícios diariamente. E avaliado antes e depois do treino como cada um se sente. Entender quem satura mais, quem performa mais – explica o chefe do departamento médico Márcio Tanure.
Fora isso, a ideia é não criar um terror psicológico sobre os jogadores com a altitude, mas haverá balões de oxigênio na mala para o jogo com San José, e um cardiologista como segundo médico.
— A gente não está criando monstro. Vamos atenuar os sintomas. Nada é eficaz 100% — avisa o doutor Tanure.
A terceira seguida
No próximo dia 5 de março, terça-feira de carnaval, o Flamengo visita o San José na cidade de Oruro, na Bolívia. E inicia a caminhada em sua terceira Copa Libertadores consecutiva. É a primeira vez, desde a era Zico, que o clube carioca confirma presença no torneio por três anos seguidos. A última série havia sido em 1981, 1982 e 1983, quando conquistou seu primeiro e único título.
Nos dois anos anteriores, a equipe acabou eliminada bem antes da decisão. Em 2018, caiu para o Cruzeiro nas oitavas de final. Enquanto em 2017 nem passou da fase de grupos. Dessa vez, o grupo do Flamengo reserva dois adversários na altitude. O primeiro, a 3700 metros do nível do mar. O outro desafio semelhante é diante da Liga Deportiva Universitaria, a LDU, do Equador, mil metros mais baixo. O terceiro adversário é o Peñarol (URU).
Para ir mais longe na competição, a nova diretoria apostou em contratações de impacto para o ataque. Gabigol, Arrascaeta, Bruno Henrique formam o trio que é novidade, somado ao zagueiro Rodrigo Caio. Houve, porém, outras baixas significativas, como do ex-capitão Réver. A braçadeira está agora com Diego, que renovou seu contrato com o Flamengo e é o grande líder da equipe por mais um ano. O técnico Abel Braga, por sua vez, assumiu o Flamengo após a saída de Dorival Júnior.
A delegação viaja domingo para a Bolívia, mas segue para Oruro em voo fretado somente no dia do jogo, seis horas antes da bola rolar, para não sofrer tanto com a altitude. A relação da Libertadores teve apenas a baixa de Lincoln, lesionado. O atacante Vitor Gabriel, o meia Renier e o zagueiro Rafael Santos são as únicas novidades.
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