Foi presente de grego. Dois dias antes de completar 37 anos, no último domingo, Mauricio Barbieri foi comunicado de sua demissão do Flamengo. Nesta quarta-feira, cinco dias e algumas horas depois, o técnico exibia um bronzeado carioca, o sorriso de quem pode curtir os quatro filhos e mulher, mas também um resquício de desapontamento com seus últimos momentos no clube.
A queda foi desenhada e apenas adiada depois do empate em 1 a 1 com o Vasco, pelo Brasileirão, no dia 15 de setembro. Desde ali, Maurício percebeu o movimento em busca de um novo técnico.
Abel Braga foi procurado pelo Flamengo antes mesmo da eliminação para o Corinthians pela Copa do Brasil, dia 26, que culminou na demissão de Barbieri. Depois da partida, Dorival Júnior foi o nome da vez.
Barbieri comenta sobre os dois.
Exalta Abel mesmo sem ser perguntado. Na quinta-feira, dia seguinte ao jogo com o Corinthians e horas antes da demissão, Barbieri ainda comandou o time no treino da tarde. O telefone tocou. Não era demissão. Era Abelão, que – sempre franco ao extremo – ligou para o treinador, confirmou que o Flamengo o sondara na semana anterior, mas disse a Barbieri que não aceitaria e deu força.
Barbieri também fala de Dorival. Mas de forma sucinta e somente ao ser questionado sobre. A ligação do substituto aconteceu horas depois da demissão e quando já estava acertado com o clube.
O agora ex-técnico do Flamengo comenta ainda sobre momento político, o peso nos ombros de Vitinho, Diego e o que leva dos quase três meses como técnico efetivado do Flamengo.
Além, claro, da cronologia das últimas horas no comando do time, das ligações e também dos ruídos.
GloboEsporte.com – Pela sua carta de despedida, a eleição impactou na decisão. Se não fosse isso, acredita que ainda estaria no Flamengo, conseguiria reação?
Mauricio Barbieri – Sem dúvida nenhuma a eleição trouxe um peso que, se não fosse ano eleitoral, não teria. Isso teve influência, sim, no dia a dia, no sentido de deixar o ambiente mais sobrecarregado. E eu acho que tem influência direta na decisão deles de atrelar o resultado de campo ao resultado da eleição.
Não tenho como afirmar se eu estaria lá ainda se não fosse a eleição, mas acredito que a chance seria maior. Acho que a avaliação ia ser muito mais em função do que é o trabalho, do que única e exclusivamente do resultado.
Você disse que a decisão final do técnico nem sempre é soberana na questão de rodar jogadores. Avaliou outra estratégia com a comissão? O time sentiu a sequência?
“Volto a dizer: foi uma decisão institucional de entrar sempre com o que tinha de melhor”.
A gente sempre debatia, compartilhava e, a partir do momento que a gente entendia que o cara tinha condição física de entrar, a gente fazia a escolha. Não me arrependo de ter feito essa decisão até porque, como eu disse anteriormente, eu entendo que foi a estratégia que a gente usou.
Se o time sentiu a sequência? Eu acho que a sequência de jogos uma hora pesa como pesa para qualquer equipe. Acho que o Flamengo não sentiu a sequência mais do que outras equipes. Chega um momento do ano em que todo mundo sente o peso da sequência de jogos, a carga, porque o calendário é muito extenso. Na Europa, o cara faz 50 jogos e está cansado; aqui, a gente faz 50 jogos e está no meio do ano ainda. Eu acho que foi nesse sentido da sequência.
Globo Esporte