Falta jogar de goleiro, de zagueiro e de lateral. Fora essas posições, Lucas Paquetá já fez de tudo um pouco no Flamengo. O jeitão de centroavante apareceu novamente contra o Corinthians, com gol de cabeça – o terceiro consecutivo depois de marcar com a cuca contra o América-MG e diante do Atlético-MG – e na canhota firme para fazer o segundo gol dos 3 a 0 sobre os paulistas.
É verdade que Lucas Paquetá ganhou vaias recentes no Maracanã e deixou insatisfeita uma torcida tão acostumada a ver o prata da casa como grande destaque da equipe pelo menos desde a chegada de Reinaldo Rueda ao Flamengo. Mas, no entendimento do departamento de futebol rubro-negro, corroborado pela entrevista de Dorival Junior, a oscilação não é só “culpa” da juventude, que implica em certa autoconfiança exagerada e decisões erradas nas partidas, mas também o resultado do desgaste da soma de jogos num jogador “multiuso” do Flamengo.
Convocado recentemente por Tite, Paquetá é visto atentamente pelo estafe da Seleção. Impressiona sua multifunção em campo, mesmo que o treinador da seleção brasileira queira vê-lo mais próximo do gol.
Olhar o mapa de calor de Paquetá no Brasileiro é amostra deste fato. Paquetá se desdobra para cobrir os dois lados do campo, auxiliar as subidas dos laterais e pisar na área.
Em sua coluna na “Folha de S.Paulo”, o ex-jogador e colunista Tostão escreveu que “Paquetá tenta ser, ao mesmo tempo, excepcional meio-campista e meia-atacante” e “não consegue”.
“Os grandes meio-campistas do mundo, somente de vez em quando, entram na área para fazer gols, assim como os melhores meias-atacantes raramente voltam ao seu campo para desarmar e iniciar as jogadas ofensivas”, escreveu Tostão.
A exigência física e técnica para Paquetá é altíssima e tem influência direta no jogo do Flamengo. Além de artilheiro da equipe com nove gols, é o que mais finaliza por partida no time do Flamengo. A média é de 2.3 contra 1.4 dos meias Diego e Éverton Ribeiro.
Bem maior que a dos atacantes, que tem Uribe, com uma finalização por partida, o maior índice. Só Vitinho, que fez menos jogos e tem por característica buscar o chute a todo instante, empata com Paquetá neste quesito.
Por onde Paquetá andou contra o Corinthians
Antes de deixar o Flamengo, Barbieri já ensaiava a mudança de Paquetá, com Arão na função de apoio a Cuéllar. Dorival jogou duas partidas sem Diego e manteve a estrutura do time. Na coletiva de imprensa após a partida, o novo técnico disse que jamais descartaria um atleta do nível de Diego, que é referência é líder do Flamengo.
Mas recuar Paquetá novamente, na fase artilheira e decisiva, parece algo impensável. Mesmo que Dorival ainda não tenha dito isso. No que vai ajudar também o técnico Tite a pensar num lugar para o jovem e promissor volan… meia… atacant… enfim, numa vaga para Paquetá.
Globo Esporte