O presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, Rodrigo Dunshee de Abranches, que também é candidato a vice-presidente na chapa de oposição encabeçada por Rodolfo Landim, vai abrir um inquérito para investigar a venda do meia Paquetá ao Milan.
Por outro lado, o presidente Eduardo Bandeira de Mello, que ontem rebateu as críticas sobre a negociação, prepara esclarecimentos sobre os valores do acordo com o clube italiano.
Este é o principal ponto de críticas, além do momento da venda — antes da janela de transferência de janeiro.
— Há uma renúncia de 15 milhões de euros. A multa é 50 milhões e resolveram baixar para 35 milhões. Estamos no meio do campeonato, a janela só abre em janeiro. Isso é uma questão fora de padrão. Essa questão deveria ter ficado com o presidente do ano que vem. Acho que houve um açodamento. Isso tem que ser investigado — disse Dunshee, em entrevista ao GLOBO.
A oposição já havia se manifestado em contato com a reportagem na quinta-feira. Há ainda o argumento de que o clube aumentou a previsão orçamentária de 2018 de R$ 521 milhões para R$ 627 milhões, o que representa um superávit de mais de R$ 100 milhões, tornando desnecessária a venda.
O presidente Eduardo Bandeira de Mello fez um pronunciamento no Ninho do Urubu para se defender, ontem. A principal argumentação foi contra o posicionamento de Rodolfo Landim. Em nota, a chapa Unifla levantou hipóteses, levando em conta a participação de Bandeira na eleição de deputado federal.
— Quero passar a minha indignação com relação às declarações que estão sendo veiculadas pelo candidato da principal chapa de oposição, em que se levanta suspeita sobre a minha conduta na transação do Paquetá. Não imaginava, sinceramente, que neste processo eleitoral, algo sempre traumático. Temos tentado levar o debate para o campo das ideias, mas é difícil ver acusações de que eu teria manipulado a transação do Paquetá para atingir interesses pessoais — disse o presidente rubro-negro.
Bandeira explicou que há um acordo para só divulgar os detalhes financeiros da transação quando o Milan der aval. Mas já se sabe que o meia foi negociado por 35 milhões de euros, com o Flamengo tendo direito a 24,5 milhões, em três parcelas, uma este ano e duas em 2019. Ainda há uma bonificação por desempenho de 10 milhões de euros. A diretoria prometeu esclarecer os detalhes e acredita que agiu corretamente ao planejar a venda, para que não perdesse o meia no meio desta ou da outra temporada, de forma imprevisível, com o pagamento da multa.
Clube dará parecer
— Não existe nada que justifique acusações no plano pessoal. O Flamengo é extremamente transparente. Vamos colocar tudo à disposição dos sócios. Não tem nada de errado para responder. Foi assim nesses seis anos. Os detalhes da negociação do Paquetá serão expostos como combinado e tudo será esclarecido. Datas, valores e condições — declarou Bandeira.
Rodrigo Dunshee argumentou que a medida de abrir o inquérito não tem relação direta com o período eleitoral no Flamengo.
— Sou candidato a vice na chapa do Landim. Mas não posso abrir mão do que sou hoje, de exercer meu mandato. Não estou concorrendo a deputado federal. Não misturo as estações. Não adianta o presidente pedir clemência e pedir para não ser atacado se ele abre mão de 15 milhões de euros, multa que protege o Flamengo e o melhor jogador do nosso time — afirmou.
Outro argumento da diretoria atual é que Paquetá poderia ter saído na janela de transferências de agosto, mas o clube segurou. O Conselho Fiscal do Flamengo terá acesso aos documentos assinados entre Flamengo e Milan e dará um parecer.
O Globo