O Flamengo empatou sem gols com a Chapecoense no jogo de ida pelas oitavas de final da Copa Sul-Americana na Arena Condá, nessa quarta-feira. O time de Chapecó jogou ofensivamente e teve as melhores oportunidades da partida, mas esbarrou na própria falta de pontaria. Após ver um rubro-negro apático, o comentarista Ricardo Rocha acredita que falta o pensamento de título.
Em participação no “Seleção SporTV”, o ex-jogador compara o momento vivido pelo Flamengo com o do São Paulo de 1989, 1990 e 1991, quando o Tricolor paulista foi vice campeão em 1989 e 1990 e conquistou o Brasileirão de 1991.
– Eu acho que falta ao grupo de Flamengo começar a pensar um pouco mais alto. Precisa começar a pensar em ganhar títulos. O Flamengo investiu muito bem, tem um bom elenco. Precisa acreditar mais neles. (…) Não é que eles não acreditem, eles precisam acreditar mais. O ano que você ganha é aquele salto de qualidade. O salto de qualidade daquele grupo do São Paulo veio com o título do Brasileiro, viemos de dois vices, um para o Vasco e outro para o Corinthians.
O comentarista ainda relembrou história hilária que viveu com Ronaldão na campanha do título de 1991 do São Paulo para ilustrar o tipo de pensamento que o elenco Flamengo deveria ter.
– Eu até brinco com aquele negócio do livro do Ronaldão. Era toda hora (lendo) “Gandhi, Gandhi, Gandhi”, aí eu falei: “Amigo, no terceiro ano é Lampião, faca na boca.” Gandhi fala bonito, é muito explicado, é lindo. Mas meu amigo, eu preciso ganhar. Eu fui no primeiro ano (1989) no quarto dele, com ele lendo Gandhi. Ele falando baixinho, aquela coisa boa, me deu uma paz, aquela coisa zen. Perdemos para o Vasco. Aí no segundo ano (1990) ele tava lendo Gandhi de novo, falando baixinho “pô, o Gandhi”, e eu falei “pô Ronaldão, que beleza, agora vai”. Perdemos. Quando eu entrei no terceiro ano, ele com o Gandhi, eu falei: “Se não tiver Lampião hoje, a gente não vai”. Gandhi não dá volta olímpica.
O apresentador Marcelo Barreto concordou com o ex-zagueiro e analisou a partida entre Chapecoense e Flamengo sob a ilustração do comentarista.
– Tem um aspecto que pesou ontem: a turma do Flamengo tava lendo Gandhi, e a turma da Chapecoense tava lendo Lampião. Porque a entrega do outro lado foi muito diferente.
Fonte: Globo Esporte