Já reparou na quantidade de resultados improváveis do Brasileirão 2017? Os visitantes estão estabelecendo um novo recorde de vitórias na história do Brasileirão de pontos corridos. Dois meses atrás, vimos que estava vencendo mais quem ficava menos tempo com a bola. Essa inversão da lógica na relação vitórias e posse de bola cresceu, o que levou o Espião Estatístico a se aprofundar no assunto: os visitantes estão se defendendo melhor, os mandantes estão precisando de mais tempo para marcar e, se expondo mais, estão sendo derrotados com mais frequência. Confira os rankings abaixo!
Desde 2006, quando o Campeonato Brasileiro por pontos corridos passou a contar com 20 equipes, é a primeira vez que os visitantes conseguem 70 vitórias nas primeiras 23 rodadas, o que dá uma média de três vitórias “improváveis” por jornada. O salto é considerável porque representa um aumento de 40{cf06184211ecbb120ae965cbd53b0cebe372eac85785f1ddbb4e41b41438fd51} no número de vitórias de visitantes em relação aos três últimos anos. O recorde anterior era de 2007, quando conseguiram 64 vitórias. Depois de tantas “zebras” naquele ano, nas duas temporadas seguintes, os mandantes dominaram amplamente.
Alguns dados indicam que a maior eficiência dos visitantes se deve à melhora de suas defesas. Ano após ano, desde 2015, tem diminuído a participação dos mandantes no total de gols marcados na competição. Em 2014, os mandantes fizeram 63{cf06184211ecbb120ae965cbd53b0cebe372eac85785f1ddbb4e41b41438fd51} dos gols nas primeiras 23 rodadas e, neste ano, a marca caiu para 57{cf06184211ecbb120ae965cbd53b0cebe372eac85785f1ddbb4e41b41438fd51}.
Por que arriscamos afirmar que é graças à eficiência defensiva que os visitantes estão brilhando? Porque a média de gols do Brasileirão-2017 é a terceira pior desde 2003, no recorte até a 23ª rodada. Se fosse por mérito dos ataques que os visitantes estivessem superando os mandantes, a tendência seria a média de gols estar subindo, não caindo.
Quando olhamos com mais calma, percebemos que das sete piores médias de gols marcados nos pontos corridos, seis são das temporadas de 2012 em diante, o que indica uma melhor capacidade defensiva das equipes nos últimos anos. Vale ressaltar que a redução no número de equipes na Série A para 20, em 2006, desencadeou um maior nivelamento na competição. O primeiro objetivo de todas as equipes no início da competição é escapar do rebaixamento: quem não leva gol, não perde; enquanto fazer gols não garante uma vitória. Quem se destaca passa a sonhar com o título.
São Paulo repete desempenho de Vasco e Inter rebaixados
O São Paulo é a terceira equipe com mais tempo acumulado de posse de bola no campeonato, mas está lutando para sair da zona do rebaixamento. Essa característica é idêntica ao que foi verificado com o Vasco em 2015 e com o Internacional em 2016: as equipes ficavam muito tempo com a bola, mas não conseguiam transformar isso em vitórias.
Em 2015, após a 23ª rodada, o Vasco ficou mais tempo com a bola do que 15 adversários. Tinha o quinto melhor desempenho por posse de bola, mas era o último colocado na classificação do campeonato. No ano seguinte, a maldição da bola no pé atingiu o Internacional. Depois de 23 jogos, ele também tinha ficado mais com a bola em 15 jogos, o melhor desempenho daquele ano, mas o time estava apenas na 15ª colocação na classificação do campeonato. Os dois gigantes do futebol brasileiro acabaram rebaixados para a Série B ao final dessas temporadas.
Neste ano, o São Paulo ficou mais tempo com a bola do que 16 oponentes, o terceiro melhor desempenho da temporada, só que o time amarga a 19ª colocação. Dos 16 jogos em que teve mais posse de bola do que o adversário, a equipe paulista fez mais finalizações em nove jogos, mas só em quatro deles conseguiu fazer mais finalizações certas. Ou seja: o São Paulo fica mais tempo com a bola, ataca mais do que o adversário, mas poucas vezes acerta o gol, o que diminui suas chances de vencer. Ao se expor em busca da vitória, acabou sofrendo gols e perdendo os jogos. Já foram 11 derrotas em 23 jogos, praticamente metade.
Chama atenção também o domínio de bola do Flamengo sobre os rivais em 82,6{cf06184211ecbb120ae965cbd53b0cebe372eac85785f1ddbb4e41b41438fd51} das partidas. Se os resultados levassem em conta a posse, o Rubro-Negro teria dez vitórias a mais do que tem hoje. Já o líder Corinthians, mais compacto defensivamente, está no meio da tabela imaginária por posse, comprovando a eficácia de seu estilo de jogo mais reativo.
Globo Esporte