Jorge Uauy Salvador, mas pode chamar de Jorge, o sincero. O novo presidente do Palestino está no cargo há apenas três semanas e já tem pela frente um desafio da altura da Cordilheira dos Andes. É mais ou menos o tamanho desafio que ele vê para atravessar de novo o caminho do Flamengo. Se no ano passado obteve um feito histórico para o clube – eliminando o Flamengo na Sul-Americana -, neste ano tudo pesa contra. É o que ele conta em entrevista ao GloboEsporte.
Desde a perda de quase um time inteiro – 10 jogadores – até a limitação de inscrição de reforços contratados passando pelo estádio vetado pela Conmebol. É tudo isso que faz até mesmo o dirigente admitir que é missão quase impossível repetir o feito de 2016.
Confira a entrevista com o presidente do Palestino.
Como o Palestino chega para esse novo duelo com o Flamengo?
Jorge: Para nos é um tremendo desafio. Não vivemos um bom momento, mas é oportunidade também de demonstrar do que somos capazes. Lamentavelmente estamos num momento muito ruim. Estamos sem dez jogadores em relação ao confronto do ano passado. Por causa das regras da Conmebol não conseguimos inscrever a maioria dos nossos reforços.
Você perdeu 10 jogadores recentemente?
Isso, a lista que está no site da Conmebol (Nota da redação: ainda tem, por exemplo, Leonardo Valencia e 15 jogadores sub-23) não está atualizada. A Conmebol só autorizou seis jogadores adicionais, o que nos prejudica já que até até agora dos 10 que saíram repusemos com nove nomes para a Sul-Americana. Então, tivemos que recorrer a muitos juniores para completar a lista de 30 atletas. São jogadores sem experiência em partidas internacionais e abaixo de 21 anos.
Palestino também mudou de treinador duas vezes, certo?
Sim. E ainda estamos voltando de férias. Começamos nosso treinamento dia 19 de junho. Portanto é uma incógnita como vamos enfrentar uma equipe de primeiro nível como o Flamengo. Mas vamos para a batalha dentro de todas nossas possibilidades. Infelizmente a sorte não está a nosso favor.
É possível sonhar com tão pouco tempo na presidência repetir a façanha de 2016?
Adoraria ter o banco de reservas do Flamengo, me encantaria. Somente os reservas devem custar três ou quatro vezes o nosso plantel. Seria um sonho começar meu mandato com esse triunfo. Ano passado conseguimos um feito histórico, importantíssimo para a história do clube. Claro que esperamos repetir, mas, sendo muito honesto, o novo desafio não nos pega na melhor hora.
O Flamengo vem de 11 a 12 jogos embalado (Nota da redação: série de seis jogos invictos, com quatro vitórias), num campeonato forte como o do Brasil. Aqui, saímos do descanso, fizemos apenas um campeonato de transição, perdemos jogadores… Creio que na partida de volta vamos mostrar mais nosso potencial. Hoje o Flamengo é muito favorito, sem dúvida alguma. Mas vamos mostrar toda nossa garra.
Leonardo Valencia (meio-campista) está de saída do Palestino?
Sim, o contrato dele venceu. Valencia manifestou vontade de jogar fora do país. Alguns clubes brasileiros se mostraram interessados nele. Mas não sei para onde ele vai.
Ano passado, Eduardo Heresi, ex-presidente, seu atual vice-presidente, disse que a folha do Palestino era de US$ 150 mil. Foi possível aumentar esse investimento com a projeção do ano passado?
Não, foi justamente ao contrário. Hoje nosso plantel está com custo mais baixo. Temos recursos limitados. Quando outros mercados, como o brasileiro e argentino, tentam levar nosso jogadores, não temos como conter a saída. São valores totalmente distintos do que o Palestino pode pagar.
Somos uma sociedade anônima, como Colo-Colo, Universidad de Chile e Católica, temos acionistas e nosso investimento tem que ser muito transparente, dentro da nossa realidade econômica. Nosso recurso vem principalmente dos direitos de TV, mas é quatro, cinco vezes inferior a das equipes grandes do Chile.
Por que escolheram o estádio da Católica? Ano passado jogaram no do Colo-Colo.
O custo do estádio do Colo-Colo é muito grande. Tem questão de segurança, manutenção, operação… É muito mais caro do que o da Católica. Nossa ideia era jogar num estádio menor, que é o Bicentenario La Florida, para 11 mil pessoas, mas a Conmebol não deixou. Pediu para jogarmos em outro campo. Infelizmente. O estádio da Católica fica mais em cima da cidade, vai estar muito frio, numa quarta de noite. Nossa torcida já não é grande e muita gente vai preferir assistir pela televisão.