No dia em que o Brasil aplicou uma goleada diante do Uruguai, por 4 a 1, pelas eliminatórias para a Copa de 2018, a CBF aprovou uma mudança no seu estatuto, aumentando o poder eleitoral das federações estaduais. Agora elas terão votos com peso três. Os votos dos clubes das Séries A terão peso 2. E os clubes da Série B terão peso 1. Dessa maneira, se as 27 federações estaduais votarem no mesmo candidato à presidência da CBF, terão 81 votos. Se os clubes se unirem, terão 60 votos. No “Bem, Amigos”, Galvão Bueno criticou a mudança e pediu mais transparência.
– Criaram uma desigualdade que não me parece muito correta. É um momento em que a autoestima que foi perdida nos 10 a 1 – sempre digo que é o 7 a 1 para Alemanha e o 3 a 0 para Holanda – começa a voltar. A torcida se empolga com a Seleção, está feliz com a Seleção, com esse trabalho, e a gente escuta que a CBF pondera que assim fica mais democrático. Não consigo entender. (Alegam) Que as federações representam centenas de clubes menores, então têm que ter um peso maior. Mas não é o clube que faz a paixão do esporte? Não são os grandes clubes que criam a paixão pelo esporte, que trazem os ídolos? Eu acho que transparência é algo importante nesse momento. O país está precisando de mais transparência em todos os sentidos. O país está brigando por isso. Sei que desagradou muito aos clubes. A CBF entende que agiu de forma correta, claro. (…) Estranhei muito a forma como isso foi feito – disse o jornalista.
Paulo César Vasconcellos acredita que essa decisão, por significar uma mudança tão significativa, primeiro teria que passar por um debate com os clubes. E também não ser feita em um dia em que as atenções estavam voltadas para o jogo da Seleção.
– Qualquer ação que envolva uma mudança no andamento do processo de escolha, no mínimo, tem que ser submetida previamente a uma discussão. Tem que se colocar sobre a mesa. Você não pode alijá-los (os clubes) do processo. Não pode esperar o dia de Brasil x Uruguai para decidir isso. O fato de não ter envolvido os clubes na discussão, e tentar manter uma estrutura de poder em que continua a federação a ter o poder pleno e, muitas vezes, contrariando a vontade de grandes clubes, não vai angariar simpatia para a CBF. Uma entidade que precisa gerar simpatia. Uma coisa é a Seleção, e outra é a Confederação Brasileira de Futebol, não vamos misturar as duas coisas. A Seleção está produzindo notícia boa, e não necessariamente a CBF produz uma notícia boa neste momento.
Walter Feldman, secretário geral da CBF, deu sua versão para a mudança no estatuto. Segundo ele, a atitude tornou o processo mais democrático.
– A mudança estatutária é adequada em relação à organização dos times do futebol brasileiro. O futebol representa 27 estados, com suas diferenças, nas suas características, alguns com grandes dificuldades de realizar seus estaduais, muitas ligas amadoras. O futebol é muito maior do que o eixo Rio-São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul e Paraná. O Brasil é um continente, então é necessário ter um equilíbrio no processo de decisão. Quando foi introduzida, pela legislação, a participação da Série B, consideramos conveniente manter essa relação. Portanto, com três votos para as federações, dois para (clubes da) Série A e um para Série B, estabelecemos, através da média ponderada, esse equilíbrio. Amplia-se o processo democrático com a presença e voto maior da Série A, com o voto novo na Série B e se mantém o equilíbrio nacional (com os votos das federações). A assembleia administrativa é composta pelas federações. Está estabelecido no estatuto da CBF, assim que se organiza o futebol brasileiro. A participação dos clubes se dá no colégio eleitoral, na escolha da direção da CBF.
Fonte: Globo Esporte
