Os cinco estaduais, quatro NBBs seguidos, uma Liga das Américas e um Mundial (Torneio Intercontinental de 2014), fora as participações em jogos da pré-temporada da NBA, fizeram o Flamengo se tornar uma referência no basquete. Durante seis anos, José Neto foi o maestro dessa orquestra. Na função de treinador, deixou sua marca e sua filosofia de trabalho no time da Gávea. Ao derrotar o Maccabi Tel Aviv em 2014 para se tornar campeão do mundo, por exemplo, chamou a atenção fora do país e, ao longo do tempo, recebeu sondagens para deixar o Rubro-Negro. Mas nunca cedeu. Agora, após a saída do time nesta terça-feira, não descarta um trabalho internacional.
– Agora é um momento de reflexão, avaliar durante esse período… A gente não tem muito esse tempo. Eu estava como auxiliar na seleção há um tempo atrás e começava o NBB, terminava, ia para a seleção. Preciso de um tempo para refazer essa ideia do que a gente quer. Mas temos de estar sempre preparados e prontos. Falo isso para os atletas. Precisamos estar prontos sempre. E preparados mais ainda. Nessas seis temporadas, tudo que a gente passou me tornou uma pessoa e um profissional melhor. Saber dirigir o Flamengo na grandiosidade que é esse clube tem que ter muito caráter e personalidade. Acho que credencia a gente a trabalhar em qualquer equipe do mundo. Estamos preparados para essas situações – comentou José Neto.
A Argentina, por exemplo, pode ser um caminho para José Neto. Por lá, seu nome é cogitado por diversos veículos segmentados na modalidade. O mercado brasileiro desse ano, contudo, promete ser agitado. Tetracampeão do torneio nacional, o treinador ainda não conversou com nenhum clube, já que saiu do Flamengo nesta terça, mas deverá receber ofertas em breve.
Não há como não falar também em seleção brasileira. Quando o argentino Rubén Magnano deixou o comando da seleção após o término dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016, o nome de Neto, que havia sido seu assistente, foi ventilado. Em 2017, entretanto, Alexaksandar Petrovic foi contratado para a função. Neto não descartou que tenha vontade de treinar o Brasil um dia, mas sabe que seria como consequência de algum trabalho em clube.
– Desde que comecei a trabalhar lá em 2004, eu nunca trabalhei em nenhum lugar pensando na seleção, a não ser quando eu estava na seleção. Eu nunca trabalhei no Paulistano, Ulbra, Palmeiras, Rio Claro, Joinville, pensando na seleção, assim como foi no Flamengo. Acho que minha história nesses lugares me fez poder chegar lá e ser cogitado para isso. E também pelo histórico na seleção. A seleção é uma coisa meio à parte e é uma consequência. Quando você está no clube e é chamado para trabalhar na seleção, não é bem pelo trabalho, mas por uma escolha. Alguém te escolhe para estar lá. Se eu falar para você que não penso mais em seleção, é mentira. Eu vivi todo esse tempo de 2004 a 2016, duas Olimpíadas, Sul-Americano, Pan, Copa América, fui técnico no sub-19. Não tem como não pensar nisso. Mas prefiro agora estar bastante focado no meu próximo passo, até porque a seleção já tem um técnico. Prefiro seguir trabalhando.
Indepentendemente de onde vá, contudo, Neto quer fazer o que fez no Flamengo: ajudar a deixar uma marca.
– Eu não acredito que possa ir para algum lugar e não queira me tornar referência, porque senão perco o propósito do negócio. Você se doa ao máximo, põe toda sua metodologia, quando você pensa assim, pensa em ser referência. Mas é um trabalho longo, complicado. Eu gosto de trabalhar assim, com propósitos e sonhos altos, estabelecer metas para chegar lá. Eu confio demais no meu grupo de trabalho. Estive com eles nesse tempo todo, estamos saindo juntos, estão saindo comigo o Diego (preparador físico) e o Rodrigo (assistente), que veio no segundo ano. Eu acredito que trabalhando dessa forma podemos ser referência – concluiu.
Globo Esporte