Três anos depois de o Flamengo ter anunciado a dispensa de dezenas de atletas da natação, ginástica artística e judô, do fechamento da piscina e de apresentar um déficit de R$ 17 milhões nos esportes olímpicos, a diretoria fez nesta terça-feira uma projeção ousada para os próximos anos: ser a maior potência olímpica do Brasil em 2010.
Em entrevista coletiva realizada na sede do clube, na Gávea, o vice-presidente de esportes olímpicos do Fla, Alexandre Póvoa, definiu como “penúria” a situação vivida pelo clube no início de 2013, destacou o trabalho feito desde então e a evolução apresentada até agora em 2016. Neste período, as outras modalidades deixaram de ser dependentes do dinheiro do futebol e o orçamento foi equilibrado.
– O Flamengo saiu de uma situação de penúria, de uma situação que a gente tinha que pedir favor para o futebol para ter salário pago, para uma situação hoje muito melhor. Óbvio que a gente vai fazer muito mais do que isso. O objetivo do Flamengo é em 2020 ser a maior potência olímpica desse país, e vamos ser. Para isso, está sendo feito um trabalho desde a escolinha. Então, queremos olhar desde o nascedouro do atleta até o atleta olímpico de ponta. E queremos que seja criado dentro do Flamengo, não trazer de fora como muitos clubes fazem. Claro que pode ter um ou outro de fora, mas a base tem que ser formada aqui dentro – explicou o dirigente.
De acordo com Póvoa, no começo de 2013, os esportes olímpicos do Flamengo tinham um total de R$ 19 milhões de despesas para apenas R$ 2 milhões de receita, um déficit de R$ 17 milhões. Praticamente três anos depois de o presidente Eduardo Bandeira de Mello assumir o cargo, o clube rubro-negro encerrou 2015 com autossuficiência nesta área, um balanço R$ 30 milhões de receita e R$ 30 milhões de despesas.
O dirigente ainda destacou o investimento de R$ 15 milhões em estrutura e equipamentos na Gávea, como as reformas dos ginásios Hélio Maurício e Kanela, a reinauguração do ginásio Cláudio Coutinho (que sofreu um incêndio em 2012) e a reconstrução da piscina (que será reaberta em fevereiro deste ano), além da renegociação e da quadruplicação do valor do contrato com o Comitê Olímpicos dos Estados Unidos para os Jogos do Rio 2016. Ele lamentou a saída de atletas importantes há três anos, como o nadador Cesar Cielo e os ginastas Diego e Daniele Hypolito e Jade Barbosa, mas justificou a decisão.
– Logo que assumimos, tivemos que anunciar dispensas de atletas, principalmente na natação e na ginástica. Na época houve criticas, desconfiança, falaram que o Flamengo estava acabando com os esportes olímpicos, isso é natural. Então a ideia é falar aqui o que aconteceu nesses três anos. Na época eu falei que a ideia era dar um passo atrás, para depois dar vários passo à frente, de uma forma responsável – afirmou o vice de esportes olímpicos.
– A gente não conseguiu só equilibrar despesas e receitas, como também estamos conseguindo investir bastante no clube para deixar um legado. Quantos atletas o Flamengo vai ter nas Olimpíadas de 2016? Se Deus quiser vários, mas o objetivo era voltar a gerar e preparar atletas para as Olimpíadas de 2020, 2024, para frente – completou.
Na entrevista desta terça, Alexandre Póvoa estava ao lado de Marcelo Vido, diretor executivo de esportes olímpicos do Flamengo, além do ala-armador dominicano Ronald Ramón (novo reforço da equipe de basquete), de Jardel (um dos destaques do elenco que disputará a SuperLiga B de vôlei) e de Luiz Altamir (primeiro nadador do clube com índice para as Olimpíadas de 2016).
– 2013 foi ano ano da sobrevivência, 2014 da organização, 2015 da autossuficiência, e a partir de 2016 temos que pensar na excelência, formar atletas e ser uma referência esportiva no Brasil. O Flamengo foi referência no passado, deixou de ser e está voltando a ser gradativamente – resumiu Póvoa.
Fonte: Globo Esporte